O que tenho que dizer e o que não há pra esconder.
É preciso
dizer.
Que caí teu véu na bruma da noite e
desfigura tua face com os desejos mais ocultos. Mas não se faça, não se meça. Carpir
tuas dores no lamento sem fim das conjuras que esconde nas madrugadas é solidão.
E não
se faça de inocente, não te veja como um pequeno madrilês tropeçando perdido
pelas calçadas de Barcelona. Não estar em seu lugar é não estar em si, insanidade
premeditada, postada, identidade aniquilada.
Caleja os dedos em teus livros e
desperta o ímpeto empecilho de se entender, de se doar. Leia uma paixão, uma
loucura. Leia um medo, uma ternura. Leia Dom Casmurro e se esqueça do mundo. Nada
além do que se quer, nada além de um sonho ou de planos que no futuro serão
esquecidos.
Ame um dia como ama um beija flor, que ama a especie e não a individualidade, ame como alguém amou nos livros, irremediável, perdida, desmedidamente e não deixe morrer, pelo menos não sem motivo, porque só perece os caminhos frágeis. Só desfalcacem os olhares leias, pois os dissimulados são eternos.
Abramos a nossas mentes como as champanhes de fim de ano, abramos e joguemos as chaves foras.