terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Chave.

O que tenho que dizer e o que não há pra esconder. 

É preciso dizer.

Que caí teu véu na bruma da noite e desfigura tua face com os desejos mais ocultos. Mas não se faça, não se meça. Carpir tuas dores no lamento sem fim das conjuras que esconde nas madrugadas é solidão. 

E não se faça de inocente, não te veja como um pequeno madrilês tropeçando perdido pelas calçadas de Barcelona. Não estar em seu lugar é não estar em si, insanidade premeditada, postada, identidade aniquilada.

Caleja os dedos em teus livros e desperta o ímpeto empecilho de se entender, de se doar. Leia uma paixão, uma loucura. Leia um medo, uma ternura. Leia Dom Casmurro e se esqueça do mundo. Nada além do que se quer, nada além de um sonho ou de planos que no futuro serão esquecidos.

Ame um dia como ama um beija flor, que ama a especie e não a individualidade, ame como  alguém amou nos livros, irremediável, perdida, desmedidamente e não deixe morrer, pelo menos não sem motivo, porque só perece os caminhos frágeis. Só desfalcacem os olhares leias, pois os dissimulados são eternos.

Abramos a nossas mentes como as champanhes de fim de ano, abramos e joguemos as chaves foras.