É quando alguém apaga a luz e os
meus olhos se desfazem que posso te imaginar. Só diante dos meus olhos a
escuridão da verdade se opõe a realidade me fazendo sentir e acreditar.
O que tenho é o tato, o cheiro, a
pele e o gosto que saliva o amargo na garganta, como a dor suave degolando todas
as minhas esperanças. Respira bem perto, de onde posso sentir-te ofegante
demais. Encosta devagar um dedo ou dois no arrepio frio que dá na alma e esquece o furacão que vem depois.
Escorre teu toque pelo meu
pescoço e desce, desce a vergonha, a dignidade e traz a luz com esse teu
sorriso dissimulado. Não és mais impetuosa que ninguém, mas sabe ser.
Caso queira, a vida em sua
essência depende de uma forma muito inconsistente de crença e a nossa, devaneia
por desejo, única e tão somente por desejo. Ao que me entrego nas trevas da
consciência quando ilumina meus olhos na presença da conseqüência.
Somos fruto da causalidade, na cama,
no chão, antes ou depois, por acaso ou não. Quando minha língua abre as trilhas
mais ocultas de teu corpo não há perdão, ainda que haja saída, nem teu mal caráter é
digno de impedir o momento.
Logo, o destino será sempre o
mesmo, o desejo e a loucura rodeados de medo que não deveríamos, mas temos.
16/04/2006 - J.
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